Mês: <span>Outubro 2017</span>

Disciplina Positiva

Um adulto não pode estar à espera que a criança saiba como se comportar. Deve, em vez disso, através do respeito e do afeto, ajuda-la a resolver os problemas com base nos princípios da disciplina positiva, que irão levar à construção de uma relação fundada na confiança mútua.

 

A Disciplina Positiva baseia-se nos seguintes princípios:

 

  • RESPEITO MUTUO: Não se pode estar à espera que as crianças mostrem respeito sem os pais o demonstrarem primeiro. Quando se consegue ser firme e afetivo ao mesmo tempo, compreender e respeitar as diferenças e a individualidade de cada criança, mostra-se respeito pela sua dignidade e permite-se que esta se torne uma melhor pessoa.

 

  • PERCEBER A CRENÇA POR DETRÁS DO COMPORTAMENTO: todo o comportamento humano tem um propósito. Conseguiremos alterar o comportamento de uma criança de forma muito mais eficaz se percebermos o que o motivou. Aprender a reconhecer e a lidar com os sentimentos da criança é um passo fundamental para compreender o seu comportamento e as suas crenças sobre o mundo.

 

  • COMUNICAÇÃO EFICAZ: As crianças ouvem melhor quando são levadas a pensar e a participar em vez de apenas lhes dizerem o que pensar e o que fazer. As crianças não ouvem quando os adultos gritam ou berram consigo. É importante utilizar o sentido de humor, ser-se sincero no que se sente de forma afetiva e firme, ter atenção ao tom de voz e à postura adotada e utilizar uma escuta ativa, para ir ao encontro das necessidades da criança ou da situação.

 

  • COMPREENDER O MUNDO DA CRIANÇA: é importante perceber que o desenvolvimento passa por várias fases e que existem muitas variáveis em jogo, como por exemplo ter em conta o temperamento da criança ou as suas necessidades. Uma criança apresenta, desde cedo, quatro necessidades básicas: 1. Sentido de Pertença – As crianças precisam de saber que são aceites incondicionalmente por serem quem são, em vez de apenas pelo seu comportamento ou pelo que conseguem fazer. As crianças que não sentem que pertencem a algum lado, nem que são significativas para alguém, tendencialmente portam-se mal por tentarem procurar o seu sentido de pertença e significado através dos disparates e das asneiras. 2. Perceção de Competência – As crianças não aprendem a tomar decisões nem a confiar nas suas capacidades, se os pais não lhes dão espaço para sentirem e experienciarem que são capazes. As palavras por si só não são suficientes para construir um sentido de competência e confiança. 3. Poder e Autonomia – As crianças que se envolvem nas decisões vivenciam um sentimento saudável de poder e de autonomia. Em vez de se dizer às crianças o que têm de fazer, podem encontrar-se formas de as envolver nas decisões e perceber o que pensam e percepcionam. O adulto pode, ainda, direcionar de forma positiva o poder da criança para que esta consiga resolver problemas, respeitar e cooperar com os outros e adquirir competências várias. 4. Competências Sociais e de vida diária – A verdadeira autoestima não provém apenas de se ser amado e elogiado, nem de se encher de doces e presentes, mas sim de se sentir que se tem competências, tais como: saber dar-se com as outras crianças e adultos; saber comer e vestir-se de forma autónoma e aprender a ter responsabilidade.

 

  • DISCIPLINA QUE ENSINA: Uma disciplina eficaz ensina competências sociais e de vida diária sem ser permissiva ou punitiva. A maioria dos pais luta ocasionalmente com o temperamento e o comportamento dos seus filhos, especialmente quando perde a paciência, focando-se no próprio ego ou ficando preso na reação ao comportamento em vez de agir refletidamente. É humano ter dias com mais ou menos paciência. Tomar consciência e compreender não significa tornar-se um pai perfeito. O que importa é ajudar a criança a esforçar-se para melhorar e não para atingir a perfeição, que é utópica.

 

  • FOCAR NAS SOLUÇÕES EM VEZ DE CASTIGAR: Julgar não resolve os problemas. À medida que a criança cresce vão-se conseguindo encontrar, em conjunto, soluções para os desafios que vão surgindo, tais como: criar as rotinas juntos, dar-lhe a possibilidade de fazer escolhas (limitadas pelo adulto), providenciar oportunidades para a criança ajudar e recorrer a um cantinho “calm down”, como uma espécie de “time-out” positivo, que representa uma boa maneira de ajudar as crianças que precisam de se acalmar.

 

  • ENCORAJAMENTO: Encorajar leva ao esforço e à vontade de melhorar. Ajuda a criança a desenvolver a coragem para aprender e crescer e a coragem para lidar com os erros, sem sentir vergonha nem culpa. Os erros são uma grande oportunidade para aprender e crescer. Os pais devem estar disponíveis para abraçar, perdoar e pensar numa melhor forma de os resolver, e poderem crescer juntos. Por outro lado, encorajar é diferente de elogiar. O elogio leva à dependência da aprovação do outro, enquanto o encorajamento reconhece o esforço e a responsabilidade; leva a criança a querer melhorar por si própria (e não a agradar ao outro), a pensar e a autoavaliar-se.

 

  • AS CRIANÇAS FAZEM MELHOR QUANDO SE SENTEM MELHOR: Nunca se deve humilhar uma criança nem faze-la sentir-se envergonhada. As crianças estarão mais motivadas para colaborar e aprender novas competências, quando lhes é oferecido afeto e respeito, quando se sentem encorajadas, ligadas e amadas.

 

As crianças não ouvem quando se sentem ameaçadas, magoadas ou zangadas. Quando grita, berra ou bate está a desrespeitar a criança, levando-a à dúvida, à vergonha, à culpa ou à rebelião, agora e no futuro. Os castigos e a disciplina pela negativa geram pior comportamento nas crianças. O desafio da parentalidade está em encontrar o equilíbrio, por um lado, entre o cuidar, proteger e guiar e, por outro, permitir que a criança explore, experimente e se torne uma pessoa única e independente. Providenciar o balanço entre a orientação e a independência requer que o papel dos pais, na vida da criança, se adapte enquanto ela cresce. É fundamental que os adultos percebam os efeitos a longo prazo da sua ação com as crianças e como isso pode fazer toda a diferença no seu percurso de vida e no bem-estar familiar, evitando chegar à adolescência do filho a desejar que as coisas tivessem sido diferentes…

 

Reflexão baseada no livro “Positive Discipline for Preschoolers” de Jane Nelsen, Cheryl Erwin e Roslyn Ann Duffy, New York, 2007.

 

Sofia Seabra Gomes- sofia.seabra.gomes@conforsaumen.com.pt

 

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