Mês: <span>Dezembro 2022</span>

Finalmente despertos – doença mental e estigma

“Quando acabámos de viver o Advento e o Natal, olhamos para o ano que vai terminando e, com esse olhar, devemos deixar sentir o impacto das experiências vividas, dos acontecimentos relevantes, das pessoas que nos marcaram.” Foto © danr13.

Jornal eletrónico “Sete Margens”,

Artigo - https://setemargens.com/finalmente-despertos-doenca-mental-e-estigma/

 | Dez 30, 2022

Há mais de 20 anos que trabalho, entre outras áreas, para ajudar a combater o estigma associado à doença mental. A minha vida profissional tem-me oferecido a oportunidade de existir com sentido e de me realizar ao serviço dos outros e em prol das causas nas quais acredito e pelas quais me vou determinando a lutar.

Em todo este percurso tenho tido experiências incríveis e conhecido pessoas extraordinárias que, mais do que tudo, se dispõem a aproveitar, se assim se pode dizer, o seu sofrimento para marcarem a diferença, fazendo algo de bom pelo mundo em que vivemos; pelos outros, conhecidos e desconhecidos, que podem estar ainda em tempo de calar o que sentem, por medo ou vergonha de que falar os destrua ainda mais do que a sua perturbação os tem destruído.

O Pedro Machado, nome real autorizado pelo próprio, é uma das pessoas fantásticas que tenho o privilégio de conhecer e de acompanhar. Em vários momentos viu a sua vida ensombrada por pensamentos perturbadores, sentimentos desfasados da realidade e também vivências não escolhidas mas impostas pelas circunstâncias com que se defrontou.

Em 2020, a mãe do Pedro partiu inesperadamente num tempo de vida ainda improvável, mas, apesar disso e da saudade, essa dor que representa a quantidade de amor na ausência, ele dá no texto que a seguir transcrevo um testemunho de esperança, uma mensagem de aceitação, uma narrativa de segurança e de bem-estar para além do natural e proporcionado sofrimento. Transcrevo exatamente a narrativa do autor.

 

Caminhada a ser feita ora lentamente, ora depressa demais, à procura do ritmo certo.

Entre linhas de prosa e versos de poesia, vou continuando a tentar expressar com “palavras minhas” um constante sentimento de procura de significado e de plenitude para a minha vida.

Muitos altos e baixos sem a resposta desejada. Sem ainda ter chegado onde queria e quero estar. Neste momento estou a querer o que sempre quis, mas, depois deste ano de 2020, peço apenas um ano melhor. Um ano tranquilo que me traga estabilidade.

Espero que o meu anjo na Terra (que agora é o meu Anjo da Guarda) se orgulhe de mim e que, apesar de não podermos partilhar juntos tudo o que aí virá, possa conquistar o que desejo. É a maior alegria que lhe podia dar. Enquanto aqui estiver, lutarei com todas as forças que puder, com resiliência e determinação para atingir o que há tanto tempo procuro.

Espero que seja só céu e sol, sem nuvens nem tempestades. E que ele não desapareça como tantas vezes tem feito. Independentemente disso vou continuar a fazer por ter sempre um sorriso no rosto. O mundo já é tão triste por vezes, que a vida até parece que não é bela. Mas é bela a vida, nós é que às vezes não, não percebemos…

Sejam felizes e aproveitem cada momento com os vossos. A vida é isso e no final de contas é o que mais importa!”

 

Quando acabámos de viver o Advento e o Natal, olhamos para o ano que vai terminando e, com esse olhar, devemos deixar sentir o impacto das experiências vividas, dos acontecimentos relevantes, das pessoas que nos marcaram, enfim… Acaba por ser tempo de balanços.

Este texto do Pedro Machado, ao qual há uns meses tive acesso, foi escrito em 2020 e revela o alento que foi capaz de, resilientemente, colher, apesar da dor.

Recentemente, que é como quem diz, dois anos depois, o Pedro escreveu assim: “Não é o que foi. É o que quero que seja. E isso não precisa de ser este mundo e o outro. Não. Tem é de ser algo que mude o meu mundo e me faça querer conquistar o outro. E quem muda o nosso mundo somos nós.”

Por vezes temos dificuldade em usar palavras simples, mas são elas que traduzem o que nos preenche e nos ajuda a ser felizes. Falo da esperança, que é a confiança em algo melhor, ou seja, a relação mais saudável que podemos ter com esse tempo do nosso tempo chamado futuro. E, sim, aquela é o condimento que sempre está presente nos textos do Pedro Machado.

A verdade é que a sua expressão não é apenas em prosa, mas também em poesia. E, por essa razão, no primeiro artigo do Ano Novo, transcreverei um poema de sua autoria como forma complementar de tradução do seu modo de contar o mundo e a vida, o ser e o existir.

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